sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Da forma e da figura da moeda

Quando os homens inicialmente começaram a comerciar e a comprar mercadorias e bens por meio da moeda, não havia nela ainda nenhuma impressão de figura ou imagem: dava-se apenas uma porção de cobre ou de prata em troca de comida e bebida, porção que se media por peso. Mas era coisa fastidiosa e difícil ter que recorrer e ir a balança tão frequentemente, e, ainda, tendo-se o peso como medida, não se podia equiparar com precisão a moeda às mercadorias, nem o vendedor, em diversas circunstâncias, podia saber a natureza do metal do qual a moeda era composta ou o título da sua mistura.Por isso, foi estabelecido pelos sábios daqueles tempos, prudente e sabiamente, que as peças monetárias fossem feitas de certa matéria e tivessem determinado peso, e que nelas se imprimisse uma figura que atestasse a todos, de maneira clara, a qualidade da matéria e a exatidão do peso, a fim de que, eliminadas as suspeitas, o valor das moedas fosse rapidamente conhecido sem dúvidas ou delongas. E, que tal impressão na moeda fosse instituida em sinal da veracidade da matéria e do peso, o demonstraram claramente os antigos nomes das moedas reconhecíveis por suas impressões e figuras, assim como ocorre om a libra, o soldo, o drenário, o óbulo, o asse, a sêxtupla, os denários, os grãos e semelhantes, que são nomes próprios dos pesos das moedas, como diz Cassiodoro. Assim, siclo é nome de moeda e é também o nome do peso, como aparece no Gênesis. Os outros nomes de moedas são nomes impróprios, acidentais ou denominações derivadas do lugar, da figura, do fabricante ou de outra coisa semelhante.
As proções de moeda, que são denominadas propriamente peças monetárias, devem ser de forma e quantidade aptas para ser manejadas e contadas, de matéria divisível e suficientemente maleável para receber e conservar duradouramente a impressão. Vê-se, então, por que nem todas as coisas preciosas são próprias para se tornarem peças monetárias: pedras preciosas, pimentas, vidros e outras coisas semelhantes, com efeito, não são, por suas propriedades naturais, adequadas para isso, mas somente o ouro, a prata e o cobre, como referido acima.
Texto Extraído do livro:Pequeno Tratado da primeira invenção das moedas (1355) Tradução Marzia Terenzi Vicentini.

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